Friday, May 04, 2012

Distancia pessoal??
Sempre me foi dito que não devemos envolver-mos demasiado com a vida dos utentes! Disseram que um bom profissional consegue lidar com os sentimentos dos utentes e não se envolve com as historias de vida dos seus utentes; porque para se manter integro psicologicamente não se pode fazer isso, assim e assado...mas eu não sou assim! Cada um é diferente deixa-me recordações diferentes e eu vivo bem com isso. prendi com com eles Consigo absorver cada historia de vida e assim acho que consigo ajudar aquele que me conta a sua vida. Daqueles que partem ficam os momentos que vivemos juntos, mesmo no hospital, alguns alegres, cheios de sorrisos, outros tristes de compreensão....não me pode passar ao lado a vida daqueles que cuido...irá fazer-me mal?? Não sei ...mas penso neles de vez em quando e isso deixa-me completa!

Saturday, November 20, 2010

os doentes....

As pessoas doentes...eu existo para elas, é delas de quem mais gosto. Cada uma tem uma historia de vida ou varias...umas lindas, outras dariam verdadeiros filmes de terror...algumas precisam de carinho outras calejadas pela dor da vida tem uma carapaça e parece que nao tem sentimentos. Há doentes de varios tipos: os chatos, perguiçosos, optimistas, deprimidos, exagerados, os que julgam saber tudo sobre tudo, doentes dificeis, arrogantes, agressivos, maus, tristes amigos...sao pessoas que por falta de saude estam no hospital com a sua personalidade. No fim dos dias dificeis penso...gosto deles todos! Gosto mesmo dos doentes. Sao o meu alvo. Sao eles que me alegram muitas vezes nos dias mais dificeis, eles sao um pedaço de mim...

Thursday, January 29, 2009

As más noticias....

O tempo passa mas tenho sempre um dilema como é que se comunica uma ma noticia a alguem?!E o que é uma má noticia? A morte, a doença ou tao simplesmente ter de ficar internado num hospital? Sei que vou magoar alguem que ja esta debilitado e triste. Custa me tanto...Tento enganar?Oculto a verdade ate poder? Dou dicas para o ar para ver se nao tenho de dizer nada, de ferir tanto! A esse alguem que precisa de conforto e carinho. É muito dificil!

Sunday, October 22, 2006

A preguiça...

Odeio sentir preguiça...não ter vontade de fazer nada assusta-me um bocado! Sinto-me deprimida, triste. Parece que um bocado de mim está inanimado! Depois vejo o tempo a passar e sinto-me mesmo morta! Mas alguém disse que a preguiça quando vem deve ser respeitada! Será?! Há dias que um pouco de preguiça dá ânimo para o resto do dia, mas naqueles em que temos de estar concentrados e atentos é destruidor quando ela chega e nos apanha. Por vezes custa-me superar-la! Ela domina-me e tira-me as forças e o pensamento...outras vezes supero-a mas, quando não a enfrento com coragem ela finta-me, coloca-me obstáculos pequenos que não consigo ultrapassar.

Friday, October 13, 2006

Ser Enfermeira

Quando optei por ser Enfermeira pensei em muita coisa, inclusivé o que a maioria pensa: ajudar o outro! Durante a formação ouvem-se desbafos de quem está saturado de uma profissão desgastante que não é valorizada, pela maioria das pessoas e por aqueles a quem nos dedicamos.
Pensei eu não quero ser assim! E não quero mesmo! Mas é dificil...demonstrar diáriamente que somos nós que damos algum conforto, num lugar estranho, cheio de dor e pânico permanentemente.

Saturday, June 17, 2006

A Dor...

A dor do Outro aflige-me! Deixa-me nervosa e destenta...para mim a Dor é semelhante à morte, leva ao desespero facilmente. É ter uma parte de nós desintegrada que sofre e nos pede alivio.
Não é facil lidar com a Dor nem com o sofrimento...

Friday, February 03, 2006

A morte...

Vivo quase diariamente a morte. Quem pensa que nos tornamos imunes perante ela engana-se. Sofre-se sempre umas vezes mais que outras. Umas porque nos identificamos com a situação do outro outras porque o sofrimento foi aliviado para sempre. Quando me concentro no corpo que acabou de lutar, penso sempre na historia daquela pessoa, como teria sido a vida dela, se foi feliz, se ela alegre, se viveu intensamente. Enquanto cumpro os rituais pós-mortem continuo a pensar como sentiu os últimos momentos, sera que a alma ainda esta ali a observar-me?
Estes pequenos minutos em que estou com um corpo sem vida sinto-me em paz, normalmente calma e serena mas triste, não sei bem porque...talvez porque a morte não me causa repugnância. Sonho
desde pequena com a morte das pessoas que amo, muitas vezes, pelo medo de as perder e pensar de como sera a minha vida sem elas. A minha propria morte não me assusta tanto.
A maior parte da vezes a morte é o fim do sofrimento, é o fim da luta em que a doença vence, é o inverso da vida. Mas a morte tambem causa revolta e interrogações. Poderia ter feito mais para salvar aquela pessoa? Quando faço tudo para salva-la e ela não quer ser salva...será que lhe devia ter dado a mão para não sentir medo de deixar a vida? A vivência da morte é tão complexa, causa tantos sentimentos que é dificil de descrever. A
morte faz-me viver mais!
Tenho de viver intimamente com ela enquanto for Enfermeira...